Exemplar da arquitetura colonial religiosa no Rio grande do Norte, a Igreja Nossa Senhora do Rosário foi a primeira edificação religiosa na cidade de Acari/RN, construída no período de surgimento e expansão das fazendas de gado na região. Idealizada pelo sargento-mor Manuel Esteves de Andrade, a edificação é uma das construções do século XVIII que ainda encontram-se preservadas no nosso estado, sendo uma das mais antigas da região do Seridó. A Igreja é símbolo da cidade de Acari, pois sua história está diretamente ligada ao surgimento do povoado. Permaneceu como Matriz da cidade de 1738 à 1867 e após sofrer mudanças em sua fachada, foi tombada em 1964 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Pela sua importância histórica e arquitetônica para o Rio Grande do Norte, a Igreja Nossa Senhora do Rosário é o tema desta semana do Quinta Potiguar.
Em 1736, o sargento-mor Manuel Esteves de Andrade, considerado por muitos autores o fundador da cidade de Acari, solicitou ao bispo de Pernambuco Dom José Fialho a construção da então denominada Capela de Nossa Senhora da Guia. Acredita-se que a construção do templo religioso se deu para que o sargento-mor conseguisse convencer sua mãe a morar próximo a ele na região ainda pouco habitada. Em 1738 a edificação foi concluída e permaneceu sem alterações até o povoado de Acari ser alçado a categoria de vila em 1833, ano em que a capela passou por reformas e adquiriu corredores laterais. Em 1865, diante da necessidade de construir um templo religioso maior para acomodar o crescente número da população da cidade de Acari, foi construída a nova Igreja Matriz Nossa Senhora da Guia, erguida em outro local da cidade. Desta forma, a antiga capela recebeu o nome de Igreja Nossa Senhora do Rosário. Pouco antes da metade do século XX, na tentativa de voltar à arquitetura original da edificação, a igreja passou por grande reforma, que retirou os corredores laterais adicionados 100 anos antes. Em 1964 a Igreja foi tombada junto com todo o seu acervo pelo IPHAN e de 1969 à 1979 passou por modificações importantes, como a eliminação dos arcos laterais, novamente com o intuito de restaurar a sua originalidade. Posteriormente, passou por obras de restauro nos anos de 1986 e 2010.
O estilo arquitetônico colonial fica evidente na fachada principal, pois esta possui traços retos ou levemente alteados, simples, simétricos e com poucos adornos em sua arquitetura. As portas e janelas possuem vergas em arco abatido e a edificação apresenta cornijas e frontão alteados, sendo este último coroado por uma cruz. Segundo o pesquisador Juliano Carvalho, a Igreja "[...] é uma simplificação do modelo corrente na região de Pernambuco na segunda metade do século XVIII." (Carvalho, 2016). Quanto ao método construtivo, a Igreja também apresenta uma solução simples. De acordo com o IPHAN, a Igreja foi "[...] Construída em tijolo cozido e liga resistente de argamassa de areia doce e barro vermelho." (IPHAN, 1964), bastante comum neste período. No interior a estrutura do altar-mor é feita em madeira.
Todas as modificações e reformas descritas trazem à tona a controversa discussão sobre a validade de se manter as adições feitas ao longo dos anos como parte da história da edificação ou a necessidade de demolição destas em prol de uma "volta à originalidade". De qualquer forma, suas características coloniais foram preservadas e permanecem contanto sua história, presenteando o nosso Rio Grande do Norte com a beleza arquitetônica deste tempo. A Igreja Nossa Senhora do Rosário é um patrimônio potiguar importantíssimo, que devemos conhecer. VAMOS PRESERVAR NOSSO PATRIMÔNIO!
Monografias e Inventários:
MEDEIROS, Tamara Emília da Silva. ANÁLISE SITUACIONAL DO TURISMO CULTURAL NO MUNICÍPIO DE ACARI – RN:: prédios tombados pelo instituto do patrimônio histórico e artístico nacional. 2018. 64 f. TCC (Graduação) - Curso de Turismo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Currais Novos, 2018. Disponível em: https://monografias.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/8636/3/AnaliseSituacionalDoTurismoCulturalNoMunicipioDeAcariRNPr%C3%A9diosTombadosPeloInstitutodoPatrim%C3%B4nioHist%C3%B3ricoeArt%C3%ADsticoNacional_Medeiros_2018.pdf . Acesso em: 16 mar. 2021.
TAVEIRA, Marcelo da Silva (org.). Inventário turístico de Acari - RN. Currais Novos: Ufrn, 2019. 121 p. Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/26962/1/INVENT%C3%81RIO%20DA%20OFERTA%20TUR%C3%8DSTICA%20DE%20ACARI%202019%20-%20VF.pdf . Acesso em: 16 mar. 2021
Imagens:
MAPIONET. Igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia - Acari/RN. Mapionet, Acari/Rn, 2021. Disponível em: https://mapio.net/pic/p-63234029/ . Acesso em: 16 mar. 2021.
Sites:
CARVALHO, Juliano Loureiro de. Acari – Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Ipatrimônio: Patrimônio Cultural Brasileiro, in: IPHAN, Brasil. Disponível em: http://www.ipatrimonio.org/acari-igreja-de-nossa-senhora-do-rosario/#!/map=38329&loc=-6.347118127347721,-36.52035713195801,11 . Acesso em: 16 mar. 2021
IPHAN. Igreja de Nossa Senhora do Rosário (Acari, RN). Acari: Iphan, 1964. 1 p. (Livro Histórico 370). Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/ans.net/tema_consulta.asp?Linha=tc_hist.gif&Cod=1816 . Acesso em: 16 mar. 2021.
SANTOS, José Ozildo dos. A FREGUESIA DE NOSSA SENHORA DA GUIA, DO ACARI E SEU PRIMEIRO VIGÁRIO. Construído A História, Acari, 2011. Disponível em: http://construindoahistoriahoje.blogspot.com/2011/09/acari-rn.html . Acesso em: 16 mar. 2021.